quarta-feira, 21 de maio de 2014

RETIRANTE



RETIRANTE
Sou uma fera acuada;
Sou vero, sou severo;
Sou  o pranto que escoou;
Sou a saudade que restou;
Sou ser humano abandonado;
Sou sonhos soterrados;
Sou frágil fingindo ser forte;
Sou migrante vindo do norte;
Pra tentar sobreviver;
Sou dilema, não sou tema;
Sou mal visto por muitos;
Sou visto como sendo desigual;
Sou facilmente distinguido;
Sou de longe percebido;
Meu sotaque chama  atenção;
Vim de longe  buscar solução;
Meu trabalho é pesado;
Sou severo comigo mesmo;
Chego a ter aversão;
Sou retirante do nordeste;
Vim aqui pro seu agreste;
Tu me chamas cabra da peste;
Chego aqui não tenho nome;
Sou baiano, sou Paraíba;
Alcunhas que causam feridas;
Pois meu nome tu nem sabes;
Tu ti negas conhecer;
Sou vitima do preconceito;
Não sei  ler direito;
Mas meu nome sei fazer;
Sonho um dia ser doutor;
Não me negues sentimentos;
De quem não soube me receber;
Não clamo por piedade;
Quero apenas igualdade;
Permita meus sonhos viver;
Ah! Deixa eu logo me apresentar;
Sou o povo brasileiro;
Vim de lá do meu rincão;
Lugar que nunca ouviu falar;
De lá  trouxe a fome e a sede;
Tem muita gente que ficou pra trás;
Eu me chamo Severino;
Chamo assim desde de menino;
Tenho Jesus Silva de sobrenome;
Sou homem, sou gente, também tenho sentimentos;
Sou igualzinho a você;
Vim pra cá pra poder sobreviver.


Poema escrito pelo Profº  Rosalvo Silva Filho
Formado em Ciências Físicas e Biológicas pela Faculdade Profº José A. vieira
Latus Sensus em Saúde e Meio ambiente pela Universidade de Lavras
Formação Acadêmica em Matemática pela Unioesp.



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