Sou
negro
Sou negro feito o breu da noite;
Hoje estou aqui, graças aos meus ancestrais;
Os navios negreiros que os trouxeram no cais,
hoje não aportam mais;
Não trazemos as correntes
nos pés, nem a canga no pescoço e ainda assim somos escravos dos mitos criados
sobre a nossa cor;
Ser
negro não ter mais as correntes que nos prendiam, é ser liberto;
Sou
liberto das senzalas, não há mais correntes sem pelourinhos e nem identidade
cultural;
Sou
negro libertado e agora me deixem ser gente;
Devolva-nos
a nossa integridade social,
Conquistamos
o direito a cotas raciais, falta agora reconhecer os quilombolas;
Ainda
há quilombolas lutando pelos seus reconhecimentos e direito a propriedade;
Reconheceram
Zumbi como a grande liderança contra a escravidão;
Conquistamos
o dia 20 de novembro como o dia nacional da consciência negra;
Tudo
isso é feito porque somos o maior gênero de raça no Brasil;
Sobre
nós pesa a miséria, o afavelamento, a discriminação em postos de trabalho;
Somos
a maioria negra e uma minoria ínfima em ascensão social;
Observem
os programas de televisão, em quantos
deles há um negro apresentador;
Ser
negro e liberto no Brasil é ser sinônimo de sofrimento e penúria;
Ser
negro é ter que romper com os padrões o qual não nos enquadram;
Ser
negro é saber que as condições a ti impostas, são as que diferem dos demais
grupos sociais;
Ser
negro é ter a sabedoria desde cedo, tem que ser o melhor naquilo que faz, caso
contrário não o fará;
Ser
negro é trazer consigo desde cedo, as insígnias da diferenciação, pois nos
tratam com indiferença;
Ser
negro é saber que olham para ti e vislumbram um atleta corredor, ou
futebolista;
Ser
negro é saber que entre os intelectuais se um dia chegar a ser, será o negrão;
Isso
é por que vivemos num país sem
preconceito, basta alguém cometer um lapso que lá vem a maldita frase “tinha
que ser negro” ou então “hoje o meu dia esta negro.”
Ainda
assim sou negro, se tenho esta tonalidade de pele, é porque sou privilegiado e
posso me expor ao sol;
Houve
uma ocasião que os próprios negros temiam em ser negro, porque sabiam o quanto
sofreriam, ai foram sofismando a nossa cor, fomos moreno, mulato, pardo,
mameluco, caboclo, afrodescendente, mas eu afirmo sou negro, e não me
envergonho em ser;
Não
tolero que façam media com a minha cor, quando perguntam a mim eu logo me
intitulo, sou negro;
Mesmo
sentindo os resquícios da minha cor, trago no meu coração, o amor ao próximo, e
solidarizo-me com as lutas dos gêneros e raças, pois nada pode ser tão pequinês
a um povo, do que a discriminação racial;
Sou
negro da cor da noite, me vejo refém dentre tantos os critérios;
Não
faço parte do todo, a mim só me vem aos poucos e a amiúde;
Ainda
assim não envergonho de mim, mas sim daqueles que me veem de soslaios, por que
lhe falta coragem de fitarem os meus olhos;
Sou
negro, rompi com as estatísticas, possuo formação superior, não possuo ficha
criminal, talvez tenha registro de subversivo que a mim não é demérito algum,
quando se luta pela causa da maioria, tratada por desigual;
Liberdade não se concede, liberdade não se compra, liberdade não se barganha, liberdade é conquistada através das lutas,
E assim se muda o curso da história escravagista no Brasil, entre tantas lutas, os meus ancestrais conquistaram a liberdade.
Mas a história é contada como se uma senhora, (princesa Isabel), concederá aos negros a abolição.
Quem sabe um dia alguém tenha coragem para reescrever este capitulo da história.
Liberdade não se concede, liberdade não se compra, liberdade não se barganha, liberdade é conquistada através das lutas,
E assim se muda o curso da história escravagista no Brasil, entre tantas lutas, os meus ancestrais conquistaram a liberdade.
Mas a história é contada como se uma senhora, (princesa Isabel), concederá aos negros a abolição.
Quem sabe um dia alguém tenha coragem para reescrever este capitulo da história.
Permita-me
parafrasear o titulo do livro de um
lutador ( Liberdade Condicional), dê que me adianta a liberdade, se ela for
condicional.
Sou
negro feito o breu da noite, mas tenho sonhos límpidos e áureos de suplantar o
preconceito racial e, ver esse povo ter a oportunidade de fato e de direito,
para demonstrar o quanto somos capazes.
Artigo escrito pelo
Profº Rosalvo Silva Filho
Formado em Ciências
Físicas e Biológicas pela Faculdade Profº José a. vieira
Latus Sensus em
Saúde e Meio ambiente pela Universidade de Lavras
Formação Acadêmica
em Matemática pela Unioesp.
Liberdade não se concede, liberdade não se compra, liberdade não se barganha, liberdade é conquistada através das lutas,
ResponderExcluirE assim se muda o curso da história escravagista no Brasil, entre tantas lutas, os meus ancestrais conquistaram a liberdade.
Mas a história é contada como se uma senhora, (princesa Isabel), concederá aos negros a abolição.
Quem sabe um dia alguém tenha coragem para reescrever este capitulo da história.