O PÉ DA SERRA
Naquele pé de serra eu tão miúda, mas era
gente;
Naquele pé de serra eu morava, não me
escondia;
Naquele pé de serra eu brincava e corria;
Naquele pé de serra eu criança pequena, me
via importante;
Naquele pé de serra, junto aos meus parentes
eu vivia;
Era ali o nosso mundo, eu fazia daquele pé de
serra o meu mundo;
Era ali que me divertia naquele pé de serra, um dia em seu
cume eu subiria;
Embora fosse pequena, criança, nanica, do pé
daquela serra pensei que jamais sairia;
Eu ali no pé daquela serra quando olhava para
o alto, ainda mais me encolhia;
Era ali no pé daquela serra, o meu mundo de
fantasia;
Quando descia para o asfalto, quilômetros,
léguas percorria;
Longe do nosso pé de serra, o mundo me
engolia;
Ninguém me via, embora pequena, sou gente,
sonho, anseio e respiro;
Longe da minha casa, distante do meu pé de
serra, na cidade eu tudo via;
Tardes de verão, jarra cheia, copos vazios
que se enchem, sucos que se deliciam;
Lá de longe com os olhos eu degustava, caju,
limão, laranja, sei lá o sabor;
A minha boca de água se enchia, copos
transparentes que bebericam, eu ali tudo via;
Quantas vezes na minha imaginação desse
liquido eu bebia;
Passaram-se o tempo, hoje madura, experiente,
saboreio o suco que a muito sonhei;
Daquele pé de serra, nada restou, tocar o
cume da serra, tão simples ficou;
Aquele pé de serra, terras tombadas se
transformou;
Um canavial por lá se plantou, nada do meu
tempo restou;
Aquele canavial com meu pé de serra acabou;
Hoje o pé de serra só vive na minha memória, onde sempre se materializou;
Pé de serra quantas saudades causou,
embora não exista mais, vivo na memoria ficou.
Poema escrito pelo Profº Rosalvo Silva Filho
Formado em Ciências Físicas e Biológicas pela
Faculdade Profº José A. Vieira
Latus Sensus em Saúde e Meio ambiente pela
Universidade de Lavras
Formação Acadêmica em Matemática pela
Unioesp.